Por que este blog?

Leio jornal todo dia. Leio notícias na Internet eventualmente. Quase todos os dias me vejo angustiado com o tratamento, nada jornalístico e extremamente parcial, dado a algumas matérias. Já escrevi várias cartas para "VEJA", "O GLOBO", "JORNAL DO BRASIL", "FOLHA DE SÃO PAULO" na inocente crença de haver na imprensa um espaço democrático, mas me deparei com a realidade de que eles só publicam o que lhes interessa. Eles são o temido "Quarto Poder". Compartilhando minhas frustrações com um dos meus filhos, ele me disse: "Por que você não faz um blog?" Pensei tratar-se de uma gíria nova para descrever algo que se faz no banheiro. (Deu pra perceber que eu sou um quase analfabeto virtual?) Ele me explicou. Perguntei se não era muito complicado e ele me revelou que era extremamente simples. Descobri que existem coisas mais recentes como "Twitter", (que no meu tempo era algo que controlava os agudos nos aparelhos de som: na verdade,Tweeter). Talvez já exista algo mais recente. Não podemos nem piscar que a tecnologia nos atropela. Mas não tenho interesse em estar no top da tecnologia. Desejo um espaço para soltar minha voz, mesmo que este espaço seja um deserto. Ainda que você não leia, ainda que ninguém leia, pelo menos eu sei que você PODE ler e que alguém PODE ler. Ler e escrever também! Os comentários e contribuições (desde que escritos de forma civilizada) são muito bem vindos. Portanto, aqui estou eu! Não tenho a pretensão de ser um "campeão de audiência", mas volta e meia vou importunar os amigos perguntando: "Você leu?"

quarta-feira, 19 de maio de 2010

RELIGIÃO OU ESPIRITUALIDADE?

Numa visita ao Lar Espírita “Mensageiros da Luz”, que cuida de crianças com deficiência cerebral, para entregar ovos de Páscoa, uma parte dos atletas, jogadores dos Santos, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusaram a entrar na entidade e preferiram ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação de que são evangélicos.
Os meninos da Vila pisaram na bola.
Mas prefiram sair em suas defesas.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles.
O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço de que o Cristianismo implica a superação da Religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião.
Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância.
A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos de Buda, e por aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixam de existir enquanto outros e só se tornam iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas.
E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus.
Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina, ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.


Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho.

Um comentário:

  1. Tirando o "santista desde pequenininho", todo o restante eu gostaria de ter escrito.

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