quinta-feira, 13 de maio de 2010
Na última terça-feira, o Dunga divulgou a lista dos jogadores que vão à Copa. Ninguém precisava ser a "Mãe Dináh" para adivinhar que a maioria da imprensa especializada iria reclamar. Já é tradição reclamar do técnico da Seleção Brasileira. A última vez em que ninguém reclamou do técnico, foi em 1982, quando havia quase uma unanimidade em torno do treinador Telê Santana. Curiosamente, perdemos aquela Copa. Logo, mesmo que seja só por superstição, vamos reclamar do Dunga! Eu também tenho a minha lista. Talvez, eu convocasse o time do Fluminense inteirinho, inclusive os reservas e abrisse exceções apenas para Tiago Silva e Tiago Neves. Falando sério, acho que minha lista seria 80% diferente da do Dunga, e não teria nenhum jogador do Flu. Quase todas as listas dos comentaristas profissionais, têm três ou no máximo 4 nomes diferentes da lista do Dunga, mas a reação é de tamanha ferocidade, que parece não haver coincidência nenhuma. Criaram um cavalo de batalha em torno dos ótimos meninos do Santos; descobriram que Ronaldinho (Malabarista) Gaúcho é o grande craque da nossa geração e que o Adriano Sumô da Chatuba é fundamental. Até o pobre menino Vitor (goleiro) que, se convocado, ia no máximo participar de um safari lá na África, se tornou um grande injustiçado. Tudo isso é compreensível, e pode ser posto na conta da paixão que o futebol desperta. Entretanto, nada sacia a sanha de criticar, e de destruir, de alguns comentaristas. Resolveram atacar: o patriotismo do Dunga, a indecisão política do Dunga, a ignorância do Dunga sobre história. O patriotismo do Dunga mereceu irônica capa do caderno de esportes do GLOBO , fazendo associação ao golpe de 64 e aos governos militares. Nunca vi atitude parecida, em relação a Zagalo, representante máximo da “Pátria de Chuteiras”, nem em relação aos argentinos e uruguaios e muito menos em relação aos Estados Unidos: país que cultiva um patriotismo exacerbado de suas fronteiras pra dentro, mas que em relação a outros países, estimula a globalização e a perda de identidade dos estados nacionais. Dunga se mostrou totalmente alienado em termos de política e história. Disse não saber se foi bom ou ruim: o apartheid na Africa do Sul, a escravidão e o golpe militar no Brasil. O motivo alegado por ele para abster-se de emitir juízo sobre estes assuntos é: “só quem viveu estas coisas pode dizer”. Isso mereceu até uma crônica inteira do Merval Pereira, inclusive com uma citação fora de contexto de Samuel Johnson: "O patriotismo é o último refúgio de um canalha". (veja o link)
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/05/12/a-patria-de-chuteiras-290904.asp
Não estou defendendo a ignorância do Dunga, mas observo que este rigor não é seguido em relação a outros técnicos e jogadores. Salvo raríssimas e honrosas exceções, entre as quais cito Afonsinho e Sócrates, o mundo dos boleiros é composto por alienados políticos, quiçá mentais. Há jogadores que não sabem juntar duas frases e não importa a pergunta do repórter, já sabemos a resposta: “Nóis vamo dá tudo de si...”. Afinal, pra ser jogador ou técnico de futebol, não precisa fazer Ciência Política ou Sociologia (imaginem o Fernando Henrique Cardoso jogando bola!). Não gosto do Dunga como técnico e já disse que minha lista seria totalmente diferente da dele, mas não consigo me conformar com esse tratamento desigual que lhe dispensam, só porque ele não bajula a imprensa e, especialmente, as Organizações Globo.
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